A defesa

- Puta qui pariu! De novo não!

Foi algo mais ou menos assim que deve ter passado pela cabeça do goleiro Felipe na hora em que o árbitro Alicio Pena Júnior marcou a penalidade máxima (ultramega máxima no caso do Corinthians) a favor do Goiás.

"Já era" foi a frase que seguiu o palavrão do primeiro momento, quando Paulo Baier pegou a bola e a ajeitou com carinho na marca do cal. Experiente que só ele, era praticamente impossível que Felipe fosse capaz de fazer mais um milagre pela decadente equipe do Parque São Jorge. E ninguém iria culpá-lo se ele não buscasse aquela bola. O rapaz tanto já fez que poderia engolir um frango no meio da partida e ainda sair como herói do campeonato.

Na cobrança os olhos de Baier pareciam convictos, não havia nenhum pingo da insegurança que tanto acomete os batedores de pênalti em situações como esta. Já Felipe se mostrava concentrado fazendo aquela cara de "preciso pegar essa merda", certamente lembrando de diversas defesas suas que iriam parar no esquecimento caso seu time perdesse e fosse rebaixado.

E tudo se resumiu àquilo... Ao destino de mihões de pessoas, reais e lamentos nas mãos de um garoto de 1,89m embaixo de uma baliza de 7,32m por 2,44m.

Na batida Paulo até tentou enganar, mas o goleiro do Corinthians foi mais competente e, sem dar um passo à frente, voou para espalmar a bola pela linha de fundo. Estava garantido o futuro do Corinthians no Brasileirão. O rapaz levantou, girou no ar e se consagrou... de novo. Era capa de todos os jornais do dia seguinte.

Para ele, e para todos os corintianos deste e do outro mundo, o campeonato deveria ter acabado ontem.