segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

A herança de Juande Ramos

Em outubro de 2008 o Tottenham resolveu fazer uma reformulação considerável em seu departamento de futebol. Seguindo um péssimo desempenho no campeonato inglês e contando com a fúria da torcida pelas negociações praticadas no inverno do ano supracitado, o presidente do clube londrino, Daniel Levy, decidiu fazer a limpa e demitiu de uma só vez o treinador Juande Ramos, os auxiliares técnicos Gus Poyet e Marcos Álvarez e o diretor de futebol Damien Comolli.

A reformulação ainda não mostrou muitos resultados, uma vez que o Tottenham ainda patina na Premier League, mas a política pós-Ramos já dá toda a pinta de que a diretoria dos Spurs percebeu a merda que fez.

Equívocos em série

Afora os resultados, a pior crítica que foi feita ao Tottenham foi a respeito da política de contratações praticada. Aí a culpa recai totalmente nos que foram demitidos e, em especial, sobre Damien Comolli.

O diretor empreendeu uma verdadeira jornada de absurdos nas contratações e vendas dos Spurs em julho do ano passado. Primeiro o Tottenham foi ao mercado, gastou horrores e trouxe de uma vez os meias-ofensivos Luka Modric, David Bentley e Giovani dos Santos, três jogadores promissores, mas que têm características de jogo parecidas e que ainda não podem ser chamados de craques ou qualquer coisa parecida.

Na sequencia os Spurs venderam Robbie Keane e Dimitar Berbatov, nada mais nada menos do que a dupla titular de ataque. A grana obtida daria pra cobrir o gasto com os três meias e ainda trazer algum nome top para o ataque, certo? Bom, o problema é que os nomes escolhidos para substituir uma das melhores duplas de frente do futebol mundial foram russo Roman Pavlyuchenko (que apesar de bom jogador ainda não é um nome consagrado) e a jovem promessa do Manchester United Frazier Campbell, que veio por empréstimo. Ou seja, em uma tacada só os Spurs encheram o time de meias ofensivos e trouxeram somente um atacante de relativa qualidade para substituir três bons nomes (Berbatov, Keane e Defoe, que havia saído em janeiro de 2008).

Pra piorar, o setor menos reforçado dos Spurs, o de marcação, começou a apresentar atuações pífias, principalmente com a lesão de Zokora, que fez com que os garotos Huddlestone e O'Hara tivessem que se virar na proteção a uma zaga que tinha dois zagueiros lentos, Woodgate e King, e dois laterais que não sabem marcar muito bem, Bale e Hutton (muito embora Corluka tenha dado uma melhorada no setor). Some a isto as panes de Gomes no gol londrino e a falta de entrosamento da equipe inteira e dá pra imaginar porque o Tottenham ficou todo o primeiro turno flertando com o rebaixamento.

Nova velha política

O despreparo nas contratações foi tão evidente que o Tottenham decidiu apelar para a seguinte máxima: "se antes o time era melhor então... vamos voltar àquele time". Assim, os Spurs pagaram 15,75 milhões de libras para ter novamente Defoe, que havia saído por 9 milhões há um ano atrás. Na sequência, acertou o retorno de Chimbonda, que tinha saído do clube no início de 2008, e boatos já dão conta de que a equipe de Londres fará uma consulta ao Liverpool para ter novamente o atacante Robbie Keane, reserva na equipe de Rafa Benítez.

Fica a dúvida de quanto mais o Tottenham vai gastar para consertar a besteira que fez no mercado de inverno e quanto tempo será que o time demorará para se reerguer e lutar por títulos novamente.

Nenhum comentário: