terça-feira, 20 de janeiro de 2009

A queda do Liverpool passa por Benítez

É inegável que o Liverpool tem hoje o segundo melhor time da Inglaterra e um dos melhores elencos do mundo. Os bons resultados no Campeonato Inglês provam isso e mostram que, diferentemente de outros anos, os Reds agora têm força para buscar viradas espetaculares e se sobressair em jogos disputados, o que é essencial a uma equipe que pleiteia um grande título.

Mesmo assim, o time parece ter perdido a sua força nos últimos jogos e hoje já é muito plausível acreditar que o Manchester United tem tudo para faturar mais um caneco, deixando o Liverpool outro ano na fila.

A queda de rendimento dos Reds pode estar ligada a vários fatores, mas em minha opinião o principal deles é o treinador Rafa Benítez. Não que ele seja um técnico ruim ou qualquer coisa do tipo, mas seus comportamentos inadequados e opções táticas equivocadas vêm prejudicando muito a equipe.

Em boca fechada...

O espanhol começou uma sequência de declarações infelizes ao dizer que a Federação Inglesa favorecia Alex Ferguson e que o treinador dos Devils era o único que jamais seria punido por reclamações contra a arbitragem ou a organização do campeonato. Uma semana depois, Benítez achou coerente dizer à torcida do Liverpool e à toda imprensa inglesa que havia recusado uma oferta de renovação de contrato porque acreditava merecer uma maior autonomia dentro da agremiação.

Coincidência ou não, como bem observa o colunista Phil McNulty da BBC, logo após as declarações o Liverpool empatou com o Stoke City e com o Everton. Ao mesmo tempo, o United trucidou o Chelsea e fez a sua parte para despachar o Bolton na semana passada.

No campo

Já dentro das quatro linhas, vale ressaltar a "política de sacrifícios" que o espanhol vem empregando em sua equipe nos últimos jogos. Na formação que enfrentou o Everton nesta segunda-feira, nada menos do que quatro jogadores atuaram "improvisados" no 4-2-3-1 de Benítez; Carragher na lateral-direita, Xabi Alonso como primeiro volante, Gerrard como segundo volante e Robbie Keane como meia armador.

É verdade que nenhuma das mudanças é absurda dado que muitos de seus jogadores atuam com facilidade nessas posições (à exceção de Keane), mas é impossível não observar que todos eles rendem abaixo do que podem nessa situação.

A questão está longe de passar pelo esquema, que se provou muito eficiente na temporada até aqui, mas sim na colocação das peças. Um jogador do calibre de Gerrard tem é que jogar perto do único atacante do time, trazendo a bola da intermediária e batendo em gol ou armando as jogadas para Torres e os meias-externos da equipe. Robbie Keane, apesar de ser um atacante veloz e com bom passe, não serve para fazer essa função. Isso ficou nítido na atuação contra o Everton e, à bem da verdade, em todos os jogos em que o treinador insistiu em escalá-lo por ali. O irlandês ficou a partida inteira correndo atrás da bola sem sucesso, deixando o meio-de-campo sem referência pela faixa central e Fernando Torres isolado demais à frente.

Com Gerrard atuando em sua melhor posição, Xabi Alonso é quem deveria fazer o segundo volante, dando qualidade à saída de bola e subindo ao ataque quando possível. Para marcar os Reds já têm jogadores como Lucas e, principalmente, Mascherano, o que permitiria ao espanhol ficar mais livre no campo.

Já Carragher não foi tão mal assim, uma vez que está familiarizado com a lateral-direita, mas sua falta de velocidade muitas vezes prejudica o apoio ao ataque e abre espaços às suas costas (o sul-africano Pienaar que o diga). Talvez fosse melhor manter o espanhol Arbeloa na equipe, mas suas péssimas atuações fazem dessa improvisação a menos grave de Benítez.


Time ideal (e que vinha funcionando) do Liverpool



Se o Liverpool quiser ainda lutar pelo título desta temporada do Campeonato Inglês deve mandar o seu treinador focar o time na disputa e parar de inventar moda na hora de escalar a equipe. Do contrário, o tri do Manchester vai estar no papo.

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